quarteirão de pátios

são paulo 2003

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QUARTEIRÃO-PÁTIO

O adensamento é uma característica desejável para as cidades, mas ao mesmo tempo as pessoas ainda manifestam o desejo de morar em casas (IBGE 1994 - 73,1% paulistanos habitam casas). Buscando a conciliação dessas duas premissas procurou-se um desenho compacto e permeável para alcançar uma densidade superior à do bairro tradicional sem perder a qualidade de vida. O quarteirão foi concebido como um desenho único que concentra áreas de uso privado e reserva faixas de uso público. O conjunto se divide em um subsolo de dimensões reduzidas para preservar o solo permeável que abriga serviços comuns como: estacionamento, cisternas, depósitos individuais e centrais de lixo reciclável; o térreo que reúne os compartimentos das casas e o superior que se abre em um terraço aberto para ampliar as áreas externas das residências pulverizadas nos pátios de menor dimensão no térreo.

Para nós a arquitetura tem o papel de construir o lugar da experiência cotidiana. Lugar que regula as interações entre o meio e o homem, mas não de uma maneira mecânica que enfatiza a tecnologia ao invés do conforto que ela proporciona. Ele deve aportar certa qualidade emocional e estética que intensifica e dá sentido à vivência diária. Assim, procuramos traduzir essas idéias criando uma trama formada por espaços cobertos e descobertos para estabelecer um micro-clima adequado que transforme a arquitetura em um mediador entre a natureza e o homem capaz de controlar as trocas de calor, a ventilação e o grau de umidade. Espaços que se ofereçam confortáveis e agradáveis para o bem estar e o convívio.

O desenho partiu da padronização de soluções e materiais, mas com o cuidado de não perder a flexibilidade de uso e aplicação conforme a necessidade de cada situação e dependendo da orientação relativa à insolação e aos ventos predominantes. A padronização tem, também, como objetivo o estabelecimento de um módulo constante que permita a pré-fabricação de seus componentes.

Considerando-se que o projeto está situado em uma região quente e úmida, optou-se por ampliar ao máximo as aberturas, sempre com o cuidado de torná-las controláveis e sem esquecer o sombreamento adequado. Os caixilhos são em sua maioria de correr, de piso a teto com abertura secundária de sua bandeira, permitindo o controle e a variação do posicionamento das aberturas para dosar as correntes de ar e seu percurso. Os quebra-sóis foram concebidos como uma segunda pele exterior e implantados com um afastamento de 1,25m em relação aos caixilhos. Formam espaços intersticiais que acolhem a vegetação rala transformando-os em filtros que para além de sombrear auxiliam no controle da umidade e na ventilação. As caixas de escadas ultrapassam a laje dos terraços e atuam alternativamente como captadores de vento ou como chaminés, dependendo da orientação e da presença/ausência de brisa. Os pátios, além de criar um espaço aprazível, atuam no mesmo sentido com mediadores de luz, calor, umidade e ventilação.

No correr do projeto percebeu-se que sua flexibilidade estendia-se também para a implantação. Era possível utilizar os critérios e soluções de desenho também em regiões menos privilegiadas e com necessidade de adensamento ainda maior. Assim, foi realizada uma versão, com pequenas adaptações, para um sítio na periferia da cidade com o objetivo de substituir uma favela em moldes semelhantes ao projeto Singapura, porém buscando uma maior qualidade ambiental.

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