museu da tolerância

são paulo 2005

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MUSEU DA TOLERANCIA

O projeto do edifício do Museu da Tolerância parte de uma decisão pragmática: a aceitação plena e sem subterfúgios de todas as limitações e o aproveitamento inteligente de todas as permissões, que configuram o lugar único e irrepetível onde estará situado.

Garante-se a preservação da ravina, a valorização e preservação total e completa das várias árvores de porte, aceita-se a limitação imposta pelos recuos obrigatórios e do número de pavimentos permitidos, atende-se plenamente as áreas previstas no programa.

O pleno atendimento às circunstâncias pareça ser dado evidente – e no entanto, sabe-se que nem sempre é respeitado. O projeto do Museu da Tolerância não precisa infringir normas, mas sim obter respostas altamente adequadas aceitando-se essas condições prévias, enquanto condição sine qua non para iniciar-se a elaboração da proposta. Tais balizas de maneira alguma impedirão a criatividade dos resultados e a valorização arquitetônica do edifício - que nasce delas, e não contra elas.

O volume edificado resulta tão simplesmente dessas diretrizes, e apenas por isso é uma caixa estreita, relativamente compacta e alta, abrigando os 4 pavimentos de pé direito duplo destinados às funções principais. Um segundo volume posterior, estreito e pouco mais alto, abriga as demais necessidades funcionais e infraestruturais, enquanto viabiliza discretos mezaninos que resultam do aproveitamento das grandes alturas dos pavimentos de uso. Entre ambos volumes, necessariamente fechados para atender corretamente aos fins a que se destinam (de acesso controlado e entrada parcimoniosa da luz natural) destaca-se um vazio, ou pátio de luz: uma fenda vertical total para a qual todos os ambientes se voltam, celebrando a unidade do Museu.

A amplitude do programa exigiu a disposição de mais dois pavimentos inferiores ao térreo. O primeiro, parcialmente aflorante na porção norte to terreno em declive, abriga as instalações de apoio técnico; a situação topográfica permite sua fácil acessibilidade por veículos de carga e descarga, que pode realizar-se a contento sem qualquer interferência com o cotidiano do Museu. O segundo pavimento inferior destina-se aos usos onde esta vedado o acesso de luz natural: auditório (passível de ser subdividido em dois) e cinemas. Seu acesso se faz rápida e diretamente desde o térreo; o pátio de luz - que também chega até ali - garante uma ambiência adequada e a economia de recursos energéticos nas suas áreas de uso comum. 

O térreo tem acessibildiade plena desde o campus por rampa suave a partir da qual se penetra em um hall amplo, de pé direito duplo - espaço cujas proporções claramente indicam seu caráter público, fazendo-o de maneira discreta e não opressiva. Situam-se ali as áreas francas do museu: acesso à biblioteca, acesso aos audtórios, loja, bar-restaurante – este, voltado para a melhor face, para a exuberante vegetação existente integralmente preservada, para as amplas visuais que se descortinam no horizonte do campus, e que por ali pode ser acessado, com cera independência. O vestíbulo acolhe e orienta indivíduos e grupos; e graças ao pátio vertical coberto, todos poderão ter de imediato a percepção integral do espaços do museu. A biblioteca volta-se para o lado com menor insolação direta, o que protege seu acervo sem dispensar-se a entrada de luz natural nos ambientes. No mezanino da biblioteca encontram-se suas áreas especiais.

Os três andares superiores, todos de pé direito duplo como solicitado, destinam-se ao Museu propriamente dito. Alternam-se áreas mais fechadas, com outras mais abertas, áreas mais estanques, com outras mais conectadas – e assim permite-se um número virtualmente infinito de arranjos: desde a conformação de salas seqüênciais, nos espaços para Exposições Permanentes (que, sendo os Museus como são atualmente, serão certamente mais estáveis, mas nunca serão eternas), até a possibilidade mais expansiva de se utilizarem, eventualmente, todos os espaços museísticos para uma única e grande exposição, sem solução de continuidade. Entre a opção mais estanque e a mais aberta, o campo de possibilidades está aberto à criatividade e inventicidade das curadorias. O visitante voltará periodicamente ao museu que estará sempre ali, mas de cada vez apresentará uma face distinta, flexível e apropriada a cada ocasião.

Para que isso seja realmente possível, os espaços museísticos são interconectados verticalmente; o pé direito duplo pode eventualmente ser aproveitado em dois nívei, já que essa subdivisão seguiria tendo plena acessibilidade graças aos mezaninos da torre de serviços.

Em um Museu contemporâneo, em especial nas áreas expositivas, sabe-se que a luz natural não deve ser admitida de forma plena; mas tampouco deve estar totalmente ausente. No Museu da Tolerância combina-se o acesso zenital e lateral da luz natural; combinam-se vedações plenas com admissões parciais; estabelece-se um ritmo não repetitivo que provê uma variedade de situações e de oportunidades de aproveitamento musográfico; e que tanto celebram as grandes alturas como permitem a adoção de espaços mais intimistas.

A Museografia do Museu da Tolerância resultará do trabalho harmônico entre edifício e uso, entre a arquitetura e as exposições. Flexibilidade e inventividade são a única resposta correta a um museu tolerante.

CONSTRUÇÃO
Nesta etapa preliminar considerou-se inconveniente definir de maneira demasiado rígida a solução construtiva, que está definida também a partir de um campo de possibilidades flexíveis. A estrutura de pilares, vigas e lajes poderá ser em concreto protendido, pré-fabricado ou não, ou mesmo em aço; sendo independente dos vedos, que se sugere sejam conformados por placas cimentícias com textura e cor em tons naturais. Privilegiiar-se-á de preferência soluções construtivas que envolvam maior grau de precisão tecnológica e rendimento, com melhor adequação custo/benefício. Os vãos máximos de 15 m são perfeitamente viáveis dentro da melhor prática construtiva disponível na realidade brasileira e paulista atual.

Um museu precisa de um edifício - mas não é uma construção, e sim uma idéia, nascida do desejo de mudar o mundo para dele fazer um lugar mais tolerante. A arquitetura deve suportar o museu, sem determiná-lo. Deve ser expressiva, sem ser taxativa. O museu deve ser tolerante, como só pode ser um Museu da Tolerância.

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